Industria cultural e ideologia de falsa consciência




A palavra empoderamento é nova e está na boca de uma parte da sociedade , percebo que ela tem sido muito usada e difundida entre diversos meios sociais, principalmente quando falamos em feminismo, combate a homofobia e temáticas que abordam a luta contra qualquer preconceito.
Quando buscamos a palavra do inglês, empowerment,podemos entender como “delegação de autoridade”, tradução explica bem a força que empoderamento vem trazendo a quem entende a importância de se posicionar e uma curiosidade desse post é que foi Paulo Freire que trouxe esse termo para o Brasil.
O empoderamento é um movimento coletivo, mas que valoriza a força e a unidade do indivíduo. O que isso quer dizer: Que para melhorarmos os níveis de bem estar e organização na sociedade, cada pessoa em particular pode desenvolver a capacidade de realizar as mudanças que o mundo precisa para tornar o ambiente comum muito melhor. Sendo assim, a pessoa torna-se consciente das decisões que toma, reconhece suas capacidades e direitos e pode influenciar o coletivo a também “abrir a mente”.
Mas basta analisar não que haja algo ruim em fazer com que mulheres acreditem que elas são capazes, dar a elas “poder”, empoderá-las. Ruim, foi o que eu percebi depois, é a ideia que setores do feminismo vendem de um“empoderamento cego e fantasioso”, simplesmente para encorajar meninas e mulheres a terem uma conduta de não-problematização de suas condutas e gostos, e da forma como estes foram e são influenciados pela forma com a qual mulheres, como classe, são tratadas ou pelo que elas desde cedo aprendem que é certo ou errado para elas.
Mas então o que esse é esse “empoderamento cego e fantasioso”? Essa pergunta não é difícil de responder. O empoderamento cego e fantasioso tem a ver com a ideia de gostos,comportamentos “intocáveis” e que jamais devem ser problematizados. Este empoderamento tem tudo a ver com a fantasiosa ideia de que “escolhas pessoais” não tem nenhuma ligação com estruturas sociais ou socialização, nem é influenciada por elas. Este empoderamento é cego porque fecha os olhos para opressão sistemática, para como o sistema de privilégio/opressão funciona para oprimir mulheres como uma classe.
A mudança de perfil da mulher representada nos comerciais de produtos de limpeza e eletrodomésticos poderia ser considerado um (irrisório) avanço se não fosse um importante detalhe: a publicidade tem promovido um falso empoderamento.
O empoderamento feminino vem de encontro ao empoderamento social e econômico de homens e, principalmente, de outras mulheres.
O se tornar mulher é resultado de uma série de empoderamentos – gênero, raça, social, econômico, cultural – que devem ser complementares, e não excludentes, como sugerem os comerciais. Enquanto novas conquistas substanciais no que diz respeito à situação da mulher não chegam ao mundo real, a publicidade brasileira irá continuar nos enxergando como seres destemidos.

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